sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Morre Jorge Piano: Os cachorros passam e a caravana ladra...









Curioso como Jorge Piano conseguiu mergulhar numa espécie de clandestinidade
a partir da falência da Casa Piano em 1995...


Quase não haviam notícias recentes de Jorge Piano...

Alguns diziam que ele havia morrido...

Outros que desfrutava de fortuna nos EUA...

A trajetória meteórica do Jorge Piano deixou para trás até a lenda de que teria sido casado com a ex-miss Brasil Marta Rocha e fugido com toda sua grana lhe deixando em dificuldades financeiras...

Na realidade Marta Rocha foi casada com irmão dele, Álvaro Piano, falecido em 1956...

Quando ocorreu a liquidação judicial da Casa Piano a ex-miss Marta Rocha era somente mais uma cliente de Jorge Piano que tomou calote, assim como o jornalista social Ibrahim Sued que tratou de usar sua coluna no Globo para chorar pitangas do dinheiro derramado em investimento de forma subterranea...

A cidade inteira do Rio de Janeiro sabia que a imensa loja da Casa Piano da Avenida Rio Branco praticava cambio negro...

Qualquer cidadão carioca que desejasse viajar com dinheiro acima da cota permitida trocava moeda nacional por dolar na Casa Piano sem necessidade de identificação...

Como as leis de então autorizavam que o Banco do Brasil trocasse somente um limite impossível de custear nem sequer viagem de turismo, a Casa Piano entrava como intermediário irregular suprindo o restante...

Era um negócio da China...

Jorge Piano se tornou fiel depositário para administrar fortunas de endinheirados com lucros espetaculares...

Piano expandiu seus domínios para a Argentina e Paraguai...

Se tornou a maior lavanderia do hemisfério...

O Jorge tímido e reservado passou a promover grandes festas no circuito Rio/Nova York...

O plano funcionava como uma espécie de pirâmide com a base formiguinha sustentando o cume sorridente...

A pirâmide Piano começou a ruir em 1992...

A Justiça dos Estados Unidos bloqueou as contas da empresa Piano Internacional...

Em 1995, as operações da Casa Piano no Brasil foram suspensas por falta de liquidez, já que as companhias de Piano nos EUA estavam sob intervenção do Federal Reserve...

O rombo alcançou US4 70 milhões com a empresa com passivo de 30 milhões de dólares...

Em julho de 1995, a Casa Piano cerrou as portas...

Jorge Piano mudou-se de vez para os EUA...

Deixou para trás uma multidão de irados investidores que viram a confiança solidária ilegal virar pó sem direito a contestação já que tudo era feito na base do fio do bigode do portugues Jorge Piano...

Jorge Piano nasceu em Portugal e veio para o Brasil em 1975, após fugir da Revolução dos Cravos que começou em 1974...

Jorge Piano morreu no último dia 21 de janeiro, vítima de hemorragia cerebral, no Hospital de Stamford, em Connecticut, depois de mais de dois anos luntando contra um cancer no fígado...

Milionários logrados devem ter aberto uma champanhota para comemorar a passagem...

Ibrahim Sued deve estar do outro lado aguardando o Jorge Piano para lhe dar uma porrada...

De leve...

A caravana passa e os cachorros ladram...

Ou versa vice...

Os cachorros passam e a caravana ladra...



Jorge Schweitzer


4 comentários:

Consubon disse...

Oi Jorge:

O que aconteceu?

Jorge Schweitzer disse...

O blog do provedor Microsoft foi deletado sem nenhum aviso...
Estou por aqui por enquanto...
Abraço,
JS

Anonymous disse...

O que o Sr. Jorge Piano fez realmente no EUA, eu não sei. A única coisa que tenho certeza, é que sempre foi um ótimo chefe, era uma empresa que fazia tudo para ajudar aos funcionários, reconhecendo, promovendo, ajudando de todas as formas. E mesmo após as portas fechadas, pagou em dia todos os direitos de todos os funcionários.

Esses “irados investidores que viram a confiança solidária ilegal virar pó sem direito a contestação já que tudo era feito na base do fio do bigode do português Jorge Piano...” Quando resolveram aplicar os seus ganhos de dinheiro em dólar já sabiam que era ilegal, portanto já existia o risco, ou melhor, qualquer risco.

Não o defendo, apenas a mídia não o deixou se defender. Posso estar errada, mas vi sua família “cair” como todos os outros investidores.

Quanto à “cidade inteira do Rio de Janeiro sabia que a imensa loja da Casa Piano da Avenida Rio Branco praticava cambio negro...” Podemos falar que: e hoje, o câmbio “negro” ainda existe para tantos. O que você diz ?

Márcia

Jorge Schweitzer disse...

Márcia,

O que tenho a dizer já disse acima...
Mas, gostei de seu depoimento...
É bom escutar os dois lados...
Abração,