.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
Ontem à noite apanhei um passageiro na porta do Museu Histórico Nacional...
Quase não páro confundido pelo aceno de mais de dez seguranças com imensas lanternas vermelhas na porta do Museu que pareciam desviar o trânsito...
Comentei com o passageiro, um senhor que sentou ao meu lado...
Destino:
- Praia do Flamengo, o senhor pega a agulha da Correia Dutra...
- Posso seguir pelo Aterro e pegar a praia na Glória?
Fica em silêncio e sigo em frente já que o trajeto mais óbvio e curto...
Quando percebe que continuo no Aterro ele altera a voz:
- Pô, falei para o senhor pegar a Correia Dutra - incompreensívelmente irritado...
- Amigo, vou pegar a agulha da Correia Dutra na Praia - confirmo...
- Eu preferia pela Presidente Wilson e Lapa - de maneira prepotente...
- Amigo, este caminho é o mais curto e perguntei e o senhor ficou em silêncio...
- Vocês taxistas sempre fazem desta forma...
A entonação do questionamento deixou impressão que eu estaria tentando ganhar mais alguns centavos com um percurso que lhe parecesse mais longo...
Não gostei...
Aponto o dedão em direção ao taxímetro e desligo:
- Senhor, não vou lhe cobrar um centavo pela corrida. O senhor é meu convidado à transportá-lo a custo zero de forma gentil. Não quero que continue com a imagem que todo taxista é pilantra...
Ele fica desconcertado com minha reação...
Pede que eu retorne a ligar o relógio...
Não atendo...
Estava determinado a não lhe cobrar um centavo...
Daí fiquei chateado pela idéia que me ocorreu que meu passageiro poderia ter ficado intimidado pela fama que ele conserva dos taxista do Rio de Janeiro...
Ele tenta consertar agora já mais tranquilo quando pegamos a Praia do Flamengo:
- É, tem razão... Por aqui é mais rápido... Tenho hábito de fazer aquele caminho que lhe indiquei... Me desculpa, não duvidei do senhor... Vejo que o senhor é cidadão de bem... Eu também sou... Sou muito conhecido... Já foi vereador e deputado... Tenho medalha Pedro Ernesto...
- Não estou chateado, até entendo o senhor... Mas, desculpe, Medalha Pedro Ernesto está tão desmoralizada que quase todos bicheiros do Rio de Janeiro possuem...
Meu passageiro remenda:
- Tem razão... Mas fui muito amigo do Tancredo Neves e do Ulysses Guimarães... Estou vindo de uma homenagem onde o senhor me apanhou...
Me mostra a pasta que carrega com rascunhos de discursos originais de ambos políticos citados que eram seus amigos pessoais...
- Grandes brasileiros. Deram suas vidas pelo povo - discursa...
- Na boa... Não quero que pareça retaliação por nossa desavença inicial: Tancredo e Ulysses sempre estiveram encima do muro... Um morreu de diverticulite por má alimentação e na época não haver medicação que lhe salvasse a vida e outro caiu de helicóptero por ordenar - depois de passar a tarde bebericando - que o piloto alçasse vôo numa Angra dos Reis em chuvarada torrencial levando todos tripulantes à morte...
- O senhor é muito bem informado...
- Também sei quantos apartamentos Dona Risoleta Neves teve que regularizar do espólio do Tancredo somente no Rio de Janeiro apesar de Tancredo ser residente em Minas Gerais...
Estamos chegando...
Insiste em pagar 12 reais pela corrida...
Informa que se eu necessitar posso procurá-lo já que muito influente...
Deixa seu nome completo e endereço de seu escritório...
Informo que também me considero tão importante quanto apesar que sem Medalha Pedro Ernesto ou Tiradentes que não necessito...
Ele ri e pergunta como pode me encontrar novamente...
- Me procura na Internet - indico depois de me afirmar que costuma navegar...
- Como o senhor se chama?
Jorge Schweitzer
PS: O passageiro acima somente eu soube de quem se tratava depois de me declarar seu nome completo... Curioso, muito curioso... Já votei nele e não o reconheci já que faz muito tempo... Não lhe confessei que já votei nele... Só votei no cara porque era do PDT e falta de opção já que nunca voto em branco... Mas é verdade... Também não vou estampar seu nome por aqui... A menos que ele me localize na Rede e resolva confirmar a história acima... Medalhas, títulos e "sabe com quem tá falando?" valem quase nada para cidadão comum que conhece a história recente...
Ontem à noite apanhei um passageiro na porta do Museu Histórico Nacional...
Quase não páro confundido pelo aceno de mais de dez seguranças com imensas lanternas vermelhas na porta do Museu que pareciam desviar o trânsito...
Comentei com o passageiro, um senhor que sentou ao meu lado...
Destino:
- Praia do Flamengo, o senhor pega a agulha da Correia Dutra...
- Posso seguir pelo Aterro e pegar a praia na Glória?
Fica em silêncio e sigo em frente já que o trajeto mais óbvio e curto...
Quando percebe que continuo no Aterro ele altera a voz:
- Pô, falei para o senhor pegar a Correia Dutra - incompreensívelmente irritado...
- Amigo, vou pegar a agulha da Correia Dutra na Praia - confirmo...
- Eu preferia pela Presidente Wilson e Lapa - de maneira prepotente...
- Amigo, este caminho é o mais curto e perguntei e o senhor ficou em silêncio...
- Vocês taxistas sempre fazem desta forma...
A entonação do questionamento deixou impressão que eu estaria tentando ganhar mais alguns centavos com um percurso que lhe parecesse mais longo...
Não gostei...
Aponto o dedão em direção ao taxímetro e desligo:
- Senhor, não vou lhe cobrar um centavo pela corrida. O senhor é meu convidado à transportá-lo a custo zero de forma gentil. Não quero que continue com a imagem que todo taxista é pilantra...
Ele fica desconcertado com minha reação...
Pede que eu retorne a ligar o relógio...
Não atendo...
Estava determinado a não lhe cobrar um centavo...
Daí fiquei chateado pela idéia que me ocorreu que meu passageiro poderia ter ficado intimidado pela fama que ele conserva dos taxista do Rio de Janeiro...
Ele tenta consertar agora já mais tranquilo quando pegamos a Praia do Flamengo:
- É, tem razão... Por aqui é mais rápido... Tenho hábito de fazer aquele caminho que lhe indiquei... Me desculpa, não duvidei do senhor... Vejo que o senhor é cidadão de bem... Eu também sou... Sou muito conhecido... Já foi vereador e deputado... Tenho medalha Pedro Ernesto...
- Não estou chateado, até entendo o senhor... Mas, desculpe, Medalha Pedro Ernesto está tão desmoralizada que quase todos bicheiros do Rio de Janeiro possuem...
Meu passageiro remenda:
- Tem razão... Mas fui muito amigo do Tancredo Neves e do Ulysses Guimarães... Estou vindo de uma homenagem onde o senhor me apanhou...
Me mostra a pasta que carrega com rascunhos de discursos originais de ambos políticos citados que eram seus amigos pessoais...
- Grandes brasileiros. Deram suas vidas pelo povo - discursa...
- Na boa... Não quero que pareça retaliação por nossa desavença inicial: Tancredo e Ulysses sempre estiveram encima do muro... Um morreu de diverticulite por má alimentação e na época não haver medicação que lhe salvasse a vida e outro caiu de helicóptero por ordenar - depois de passar a tarde bebericando - que o piloto alçasse vôo numa Angra dos Reis em chuvarada torrencial levando todos tripulantes à morte...
- O senhor é muito bem informado...
- Também sei quantos apartamentos Dona Risoleta Neves teve que regularizar do espólio do Tancredo somente no Rio de Janeiro apesar de Tancredo ser residente em Minas Gerais...
Estamos chegando...
Insiste em pagar 12 reais pela corrida...
Informa que se eu necessitar posso procurá-lo já que muito influente...
Deixa seu nome completo e endereço de seu escritório...
Informo que também me considero tão importante quanto apesar que sem Medalha Pedro Ernesto ou Tiradentes que não necessito...
Ele ri e pergunta como pode me encontrar novamente...
- Me procura na Internet - indico depois de me afirmar que costuma navegar...
- Como o senhor se chama?
Jorge Schweitzer
PS: O passageiro acima somente eu soube de quem se tratava depois de me declarar seu nome completo... Curioso, muito curioso... Já votei nele e não o reconheci já que faz muito tempo... Não lhe confessei que já votei nele... Só votei no cara porque era do PDT e falta de opção já que nunca voto em branco... Mas é verdade... Também não vou estampar seu nome por aqui... A menos que ele me localize na Rede e resolva confirmar a história acima... Medalhas, títulos e "sabe com quem tá falando?" valem quase nada para cidadão comum que conhece a história recente...
3 comentários:
Verdade Jorge e você foi maneiro ao não dizer que o helicóptero que caiu em razão da imprudência relatada pertencia ao empresãrio Adib Chammas, do Moinho São Jorge. Algum empresário já lhe ofertou mimo idêntico? Há, aquele helicóptero do amigo do pastor não vale.
Abraços.
PS:
Viu a carteirada da desembargadora?
http://www.tijoladasdomosquito.com.br/
Por falar em irresponsabilidade, Tancredo Neves sabia que estava doente bem antes do processo eleitoral. Recusou-se a divulgar a doença e iniciar o tratamento com medo de perder a eleição mostrando sua debilidade do alto de seus 75 anos em um momento tão importante para a nação.
“Primeiro deixem que eu tome posse. Depois façam o que quiserem comigo”, disse Tancredo aos que defendiam uma cirurgia urgente antes da posse.
Por pura ganância de assumir o poder, o infeliz acabou morrendo de maneira besta e deixando o país nas mãos do coronel do Maranhão.
Lamentável esse Tancredo.
É. Foi salvo pelos micróbios. Tem um belo artigo sobre este tema na mídia. Não encontrei, mas tem.
Postar um comentário