Ainda conservo hábitos de menino...
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Tenho o destemor de toda criança ou adolescente que se acha o Super ou Spider Man e que tudo de ruim e desastroso só acontece com o próximo...
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Como a coragem é irmã gêmea do fraquejar...
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Preservo medos de monstros imaginários que teimam habitar o vão abaixo da minha cama...
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Por vezes eles arrojam espetar seus chifres pontudos e medonhos em meu colchão e me proporcionam madrugadas insones intermináveis todo coberto mesmo com um calor senegalêz...
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Nas noites calmas em que eles vão atacar outras camas de tão medrosos quanto eu...
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Programo meu sonhos antes de dormir...
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Acreditem...
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Coisa de criança sem nada na caixola...
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Consigo imaginar no que vou sonhar e realizo...
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Sonho seguidamente que sei voar...
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Sobrevôo Copacabana inteira...
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Vou até o Posto 6...
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Passo sobre o Forte, sobre o Marimbás...
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Divido espaço azul com gaivotas nervosas a mergulhar bicudas sobre barcos de pescadores com suas redes abarrotadas pendendo ao lado esquerdo quase emborcando a nau...
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Dou rasante intrépido sobre pedras do Arpoador...
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Retorno flanando à Barata Ribeiro desviando dos semáforos suspensos abaixo...
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Acordo...
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Bebo uma água da moringa que conservo desde pequeno ao lado da cama, pôs no Rio Grande o frio desaconselhava levantar debaixo dos acolchoados pesados para saciar sedes noturnas além de correr risco de esbarrar no corredor com algum avô morto...
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Volto a realidade da escuridão quente da cama...
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Sonho nadar do Posto quatro até a África localizada na linha do horizonte...
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Ou cavar na areia até o Japão...
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Já sonhei com todas as mulheres desejáveis e tive pesadelos com as indesejáveis...
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Mas nesta Noite de Natal esses ímpetos selvagens naturais ficam aquietados...
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Ainda espero um singelo caminhãozinho de madeira tombadeira depositado ao lado do chinelo na noite de 24 para 25...
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De preferência afastado dos monstros adormecidos abaixo do estrado...
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Aguardarei que o vulto no quarto suma cerrando a porta encobrindo a luz do corredor que escurecerá como o sleep off zerado da TV...
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Depois vou segurar, abaixo de minha oca de lençóis, entre os dentes minha lanterna do facho do celular enquanto desembrulho o presente que irá me acompanhar a cada segundo do ano que vem...
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Feliz Natal...
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Jorge Schweitzer
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Um comentário:
Meu querido Jorge, um Feliz Natal para você, meu amigo. Um abraço e a bênção do aniversariante Jesus Cristo, o Nazareno. Obrigado pela existência da revista eletrônica e pelo esmero em mantê-la sempre renovada. Paz.
OBS: Eu também programo meus sonhos. Que maluquice, né. Sou viciado em futebol e literatura. Sempre, nos meus sonhos, relembro alguma partida em que obtive êxito, ou em alguma batalha ou aventura que li.
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