quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

A Noite de Natal e Meu Caminhãozinho de Madeira...




Ainda conservo hábitos de menino...

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Tenho o destemor de toda criança ou adolescente que se acha o Super ou Spider Man e que tudo de ruim e desastroso só acontece com o próximo...

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Como a coragem é irmã gêmea do fraquejar...

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Preservo medos de monstros imaginários que teimam habitar o vão abaixo da minha cama...

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Por vezes eles arrojam espetar seus chifres pontudos e medonhos em meu colchão e me proporcionam madrugadas insones intermináveis todo coberto mesmo com um calor senegalêz...

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Nas noites calmas em que eles vão atacar outras camas de tão medrosos quanto eu...

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Programo meu sonhos antes de dormir...

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Acreditem...

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Coisa de criança sem nada na caixola...

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Consigo imaginar no que vou sonhar e realizo...

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Sonho seguidamente que sei voar...

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Sobrevôo Copacabana inteira...

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Vou até o Posto 6...

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Passo sobre o Forte, sobre o Marimbás...

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Divido espaço azul com gaivotas nervosas a mergulhar bicudas sobre barcos de pescadores com suas redes abarrotadas pendendo ao lado esquerdo quase emborcando a nau...

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Dou rasante intrépido sobre pedras do Arpoador...

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Retorno flanando à Barata Ribeiro desviando dos semáforos suspensos abaixo...

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Acordo...

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Bebo uma água da moringa que conservo desde pequeno ao lado da cama, pôs no Rio Grande o frio desaconselhava levantar debaixo dos acolchoados pesados para saciar sedes noturnas além de correr risco de esbarrar no corredor com algum avô morto...

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Volto a realidade da escuridão quente da cama...

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Sonho nadar do Posto quatro até a África localizada na linha do horizonte...

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Ou cavar na areia até o Japão...

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Já sonhei com todas as mulheres desejáveis e tive pesadelos com as indesejáveis...

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Mas nesta Noite de Natal esses ímpetos selvagens naturais ficam aquietados...

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Ainda espero um singelo caminhãozinho de madeira tombadeira depositado ao lado do chinelo na noite de 24 para 25...

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De preferência afastado dos monstros adormecidos abaixo do estrado...

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Aguardarei que o vulto no quarto suma cerrando a porta encobrindo a luz do corredor que escurecerá como o sleep off zerado da TV...

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Depois vou segurar, abaixo de minha oca de lençóis, entre os dentes minha lanterna do facho do celular enquanto desembrulho o presente que irá me acompanhar a cada segundo do ano que vem...

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Feliz Natal...

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Jorge Schweitzer

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Um comentário:

Rafael Allevato disse...

Meu querido Jorge, um Feliz Natal para você, meu amigo. Um abraço e a bênção do aniversariante Jesus Cristo, o Nazareno. Obrigado pela existência da revista eletrônica e pelo esmero em mantê-la sempre renovada. Paz.
OBS: Eu também programo meus sonhos. Que maluquice, né. Sou viciado em futebol e literatura. Sempre, nos meus sonhos, relembro alguma partida em que obtive êxito, ou em alguma batalha ou aventura que li.