Anteontem vi o Programa do Jô Soares, na Rede Globo...
Ele entrevistava uma pessoa comum...
Um vendedor ambulante que mistura suco de caju com limão...
O entrevistado possuía poucos recursos de linguajar que proporcionou Jô fazer um monte de intervenções que acredita engraçadas...
Uma covardia inominável...
O Bira chorava de rir...
O resto do quinteto (ou sexteto, ou orquestra) quase se mijava de gargalhar...
Mesmo antes de Jô completar a piada(?) eles desabavam de solfejar como hienas...
A cada frase simples do ambulante, Jô intervinha com mais uma gracinha atropelante...
Jô Soares perdeu o rumo...
Perdeu a graça...
O deslumbramento imedido do Jô lhe transfigurou num inacreditável Otávio Mesquita idiota...
Incompreensível que seu egocentrismo inocente não seja advertido pela direção do Programa...
Jô era ótimo...
Ótimo mesmo...
Seguramente, o melhor programa da TV...
Agora vive da memória do que já foi...
No SBT teve sua melhor fase de talk-show...
Impagável...
Ninguém, nem eu, dormia sem vê-lo...
Foi para Globo e esvaziou seu padrão de qualidade...
Virou caricatura de si próprio...
Um bobalhão...
Uma auto-charge incompatível com o cérebro privilegiado que imaginávamos que Jô possuísse...
Um tiozão véio milionário que insiste em contar piadas inconvenientes no almoço familiar de domingo sem que ninguém ouse interromper o constrangimento já que está muito idoso para ser contrariado e com tanta grana que melhor fingir risada forçada...
Jô contraria a crença unânime que poliglotas são seres diferenciados pela habilidade mental de se expressar em vários idiomas...
Que fim levou nosso Jô inteligente?
Hein?
Que fim levou nosso Jô que até a Cláudia Raia com 17 anos se apaixonava interesseira?
Que fim levou o Jô engraçado?
Que fim levou Flavinha?
Pô...
Este é um país onde nossos ídolos são de pau oco como anjos barrocos mineiros a fugirem dos cobradores de impostos imperiais...
Depois que escamoteiam ouro escondido dentro, suas feições modificam e aposentam o talento que nos faziam felizes...
Ah! Sim...
Nesta semana conheci uma gíria bacana, que significa ‘estou pasmo’:
“Me moderniza que eu tô barroco!”...
Adequada ao Jô...
Não é não?
Jorge Schweitzer
2 comentários:
Jorge, como diz minha tia, "tudo acaba". Até a graça no que ela tem de melhor. Eu adorava a vovó Naná e aquele batom todo borrado na boca. Um dia, meu batom borrou um pouquinho na lateral e meu filho me disse: "Mâe, vc está parecendo a vovó Naná".
Não creio que o Jô tenha perdido o talento. Talento não se perde. Mas a idade, especialmente se combinada a muito dinheiro, às vezes encurta a alma de algumas pessoas, faz elas adotarem um comportamento até pouco(?) tempo inimaginável.
O Jô é sensível, acredite. Mas é sensível apenas àquilo que o sensibiliza(dan!!!). Não devia ser o caso. Não vi esse programa, mas vi outros. E senti decepção parecida com a sua.
Jorge, você tem razão.
Depois que o Jô voltou para a Globo, o programa ficou insuportável de se assistir.
O que antes (SBT) era parada obrigatória, agora se transformou em "um canal a menos para zapear".
Sidnei
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