sábado, 6 de dezembro de 2008

“Me moderniza que eu tô Barroco!”


















































Anteontem vi o Programa do Jô Soares, na Rede Globo...

Ele entrevistava uma pessoa comum...

Um vendedor ambulante que mistura suco de caju com limão...

O entrevistado possuía poucos recursos de linguajar que proporcionou Jô fazer um monte de intervenções que acredita engraçadas...

Uma covardia inominável...

O Bira chorava de rir...

O resto do quinteto (ou sexteto, ou orquestra) quase se mijava de gargalhar...

Mesmo antes de Jô completar a piada(?) eles desabavam de solfejar como hienas...

A cada frase simples do ambulante, Jô intervinha com mais uma gracinha atropelante...

Jô Soares perdeu o rumo...

Perdeu a graça...

O deslumbramento imedido do Jô lhe transfigurou num inacreditável Otávio Mesquita idiota...

Incompreensível que seu egocentrismo inocente não seja advertido pela direção do Programa...

Jô era ótimo...

Ótimo mesmo...

Seguramente, o melhor programa da TV...

Agora vive da memória do que já foi...

No SBT teve sua melhor fase de talk-show...

Impagável...

Ninguém, nem eu, dormia sem vê-lo...

Foi para Globo e esvaziou seu padrão de qualidade...

Virou caricatura de si próprio...

Um bobalhão...

Uma auto-charge incompatível com o cérebro privilegiado que imaginávamos que Jô possuísse...

Um tiozão véio milionário que insiste em contar piadas inconvenientes no almoço familiar de domingo sem que ninguém ouse interromper o constrangimento já que está muito idoso para ser contrariado e com tanta grana que melhor fingir risada forçada...

Jô contraria a crença unânime que poliglotas são seres diferenciados pela habilidade mental de se expressar em vários idiomas...

Que fim levou nosso Jô inteligente?

Hein?

Que fim levou nosso Jô que até a Cláudia Raia com 17 anos se apaixonava interesseira?

Que fim levou o Jô engraçado?

Que fim levou Flavinha?

Pô...

Este é um país onde nossos ídolos são de pau oco como anjos barrocos mineiros a fugirem dos cobradores de impostos imperiais...

Depois que escamoteiam ouro escondido dentro, suas feições modificam e aposentam o talento que nos faziam felizes...

Ah! Sim...

Nesta semana conheci uma gíria bacana, que significa ‘estou pasmo’:

“Me moderniza que eu tô barroco!”...

Adequada ao Jô...

Não é não?



Jorge Schweitzer
















2 comentários:

Ofelia disse...

Jorge, como diz minha tia, "tudo acaba". Até a graça no que ela tem de melhor. Eu adorava a vovó Naná e aquele batom todo borrado na boca. Um dia, meu batom borrou um pouquinho na lateral e meu filho me disse: "Mâe, vc está parecendo a vovó Naná".
Não creio que o Jô tenha perdido o talento. Talento não se perde. Mas a idade, especialmente se combinada a muito dinheiro, às vezes encurta a alma de algumas pessoas, faz elas adotarem um comportamento até pouco(?) tempo inimaginável.
O Jô é sensível, acredite. Mas é sensível apenas àquilo que o sensibiliza(dan!!!). Não devia ser o caso. Não vi esse programa, mas vi outros. E senti decepção parecida com a sua.

Anonymous disse...

Jorge, você tem razão.
Depois que o Jô voltou para a Globo, o programa ficou insuportável de se assistir.
O que antes (SBT) era parada obrigatória, agora se transformou em "um canal a menos para zapear".

Sidnei