segunda-feira, 6 de outubro de 2008

“Mostra a arma, mané, mostra a arma!”....





Sábado passado o CasaCor proporcionou um dos maiores engarrafamentos já vistos em Laranjeiras...

Apanhei duas passageiras na Rua Marques de Olinda a caminho da Clínica Peri-Natal da Rua das Laranjeiras, o mesmo local que nasceu meu neto Petrus Nariguetinha...

A única opção seria apanhar a Pinheiro Machado engarrafada...

Ficamos presos no meio do trânsito em nó...

Chovia...

Minhas passageiras conversavam...

Dois sujeitos passam a frente do táxi...

Uma comenta que parece assalto...

Desdenho:

- Fiquem tranqüilas, meu anjo da guarda é importado; jamais alguém irá assaltar impunemente passageiros dentro do meu carro...

Um dos rapazes retorna e aborda o carro exatamente à frente do meu táxi...

Encosta ao lado da porta do motorista e mostra algo na cintura...

Quase não acredito que um mané metido a sagaz tenha a audácia de me proporcionar o dissabor que testemunhar a covardia...

É muito deboche...

Como os vidros do carro da frente estão embaçados imagino que seria uma mulher a presa fácil...

Jamais poderia voltar a dormir se deixasse um bagulho destes passar por minha biografia me fingindo de cego...

Solto o cinto de segurança, abro a porta, salto do carro...

Minha movimentação deixa o pretenso assaltante indeciso...

Ele coloca a mão na cintura...

Fico imaginando onde a bala irá entrar...

- Mostra a arma, mané, mostra a arma!

- Sou trabalhador; estou pedindo dinheiro para comer, doutor!

Tentava assaltar na ‘sugestão’...

Ufa...

Chamar taxista de doutor é sacanagem...

O ‘assaltante’ vai embora...

O motorista da frente não era uma mulher...

Era um homem...

Desce do carro e fica me agradecendo inúmeras vezes insistentemente chato...

Tenta apertar minha mão que não aceito e mando ele retornar ao carro e fechar os vidros...

Continuamos parados na Pinheiro Machado sem policiamento a mercê da armadilha proporcionado pelo Casa Cor...

Pôs bueno...

Até compreendo a necessidade do cidadão fudidzo buscar a sobrevivência de qualquer forma...

O desespero leva a subtrair o alheio para continuar tocando a vida cruel...

Agora..

Não na minha frente...

Ou...

Rouba com fidalguia, sem esculachar...

Ver alguém ser subjugado como inferior é algo que remexe nossos impulsos naturais...

Por favor...


Jorge Schweitzer

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